Polônia
Finalmente a Concordata com a Santa Sé

     No dia 25 de março realizou-se no Vaticano a troca de instrumentos de ratificação da Concordata entre a Santa Sé e a República polonesa. Chegou-se a este passo final depois de cinco anos da assinatura da mesma Concordata feita em julho de 1993. Em via excepcional a ratificação da parte vaticana foi colocada pelo próprio Papa João Paulo II.
     Foi mais rápido, ao invés, o procedimento do Acordo entre a Santa Sé e a Hungria. Foi assinado em junho do ano passado e a troca de instrumentos de ratificação se deu em Budapest no início de abril deste ano.

Jerusalém
Pela primeira vez o Patriarca latino na sede dos rabinos

     No dia 23 de março passado, o patriarca latino de Jerusalém, Michel Sabbah foi pela primeira vez à sede dos rabinos da cidade santa, encontrando os dois rabinos chefes, Meier Israel Lau (ashkenazita) e Eliahu Bakshi-Doron (sefardita).

México
O terceiro encontro internacional dos sacerdotes

     "Converte-te para converter": este é o título do terceiro encontro internacional dos sacerdotes, organizado para os padres de todo o mundo, que será realizado no México entre 7 e 12 de julho deste ano. Os dois encontros precedentes foram realizados em 1996 em Fátima e em 1997 na Costa do Marfim.

Rússia
Duplica o número de bispos católicos

     No dia 23 de março o Vaticano apresentou a nomeação de um bispo auxiliar para cada uma das circunscrições eclesiásticas católicas russas: as administrações apostólicas da Rússia européia e da Sibéria. Em Moscou, para ficar ao lado do arcebispo Tadeusz Kondrusiewicz, o Papa nomeou o sacerdote alemão Klemens Pickel, de apenas 36 anos. Em Novosibirsk será o verbita polonês Jerzy Mazur que ajudará na missão pastoral o jesuíta Joseph Werth. O anúncio da nomeação foi dado no mesmo dia que Boris Iéltsin demitiu o governo guiado por Chernomyrdin (uma pura coincidência, garantem no Vaticano). Desta vez as autoridades da Igreja Ortodoxa foram previamente avisadas das novas nomeações e até agora não houve reações. Sete anos atrás não foi assim: Kondrusiewicz e Werth foram nomeados sem pré-aviso, e o fato não agradou por nada ao patriarcado que protestou veementemente.

África do Sul
Clinton faz "a primeira comunhão"

     A primeira comunhão dos Clinton. Com este irônico título o Our Sunday Visitor deu a notícia de que Bill Clinton e senhora, ele batista, ela metodista, ilegitimamente receberam a comunhão no decorrer de uma liturgia católica. O "sacrilégio" (como definiu o jornal romano Il Messaggero) foi realizado no domingo 29 de março na igreja Regina Mundi em Soweto, subúrbio de Johannesburg, durante a tournée africana dos inquilinos da Casa Branca. Logo depois que os meios de comunicação difundiram a foto de Clinton recebendo a hóstia consagrada de um padre católico, o núncio Manuel Monteiro de Castro, que está há pouco meses em Pretória, recebeu inúmeros pedidos de esclarecimentos por parte de vários dicastérios vaticanos. Contra a primeira comunhão do ilustre casal manifestaram-se os cardeais americanos John Joseph O'Connor de Nova Iorque e Anthony Bevilacqua de Filadélfia. O sacerdote que deu a "primeira comunhão" aos Clinton, padre Moholomi Magubane, justificou-se fazendo-se de escudo com as últimas diretivas sobre o ecumenismo emanadas pela Conferência Episcopal sul-africana, a qual ao invés negou qualquer responsabilidade. "Já que se trata de uma pessoa não católica, não pode ser admitida à comunhão eucarística. É uma norma canônica... e portanto nenhuma Conferência Episcopal pode promover uma regra diferente", declarou ao Catholic News Service, a agência do episcopado EUA, o arcebispo Geraldo Majella Agnello, secretário da Congregação vaticana para o Culto Divino.

Vietnã
O governo: a religião pode nos dar uma mão

     No dia 19 de março, o primeiro ministro vietnamita Nguyen Tan Dung, no decorrer da conferência da Comissão Governamental das Relações Religiosas, disse que "a religião ajuda a reduzir os problemas sociais nascidos depois da abertura do país para a economia de mercado". "Karl Marx", acrescentou o primeiro ministro, "definiu a religião o ópio dos povos, mas com o uso da droga, a prostituição e outras pragas que atingiram o Vietnã, hoje podemos dizer que a religião pode nos dar uma mão para sair desta situação".

EUA-China
Acordo entre a Universidade de Pequim e ateneus dos jesuítas americanos

     Foi assinado entre a Universidade de Pequim e a Fordham University de Nova Iorque, dirigida pela Companhia de Jesus como todas as outras 23 universidades americanas consorciadas, um acordo dia 13 de março passado. O contrato, que para a China popular representa uma novidade absoluta, marca o início do primeiro programa não chinês reconhecido oficialmente: o Programa Internacional de Pequim sobre a administração de empresa (Beijing International Management Programs, Bimps). Entre os 24 ateneus dirigidos pelos jesuítas participantes deste programa estão a Universidade Georgetown de Washington, o Boston College, as Universidades Marquette de Milwaukee, Loyola de Los Angeles, Baltimore e New Orleans, as Universidades de San Francisco e de Seattle.

Espanha
Uma grande estátua de João Paulo II em Madri

     Uma estátua de três metros de altura, que representa um João Pulo II jovem, com as mãos abertas, vigoroso enquanto prega", será erguida diante da Catedral de Almudena, em Madri. Esta notícia foi comunicada à imprensa, dia 31 de março, pelo novo cardeal António Maria Rouco Varela. O monumento (a estátua circundada por quatro fontes) foi projetado pelo escultor Juan de Ayala e custará 15 milhões de pesetas, cerca 100 mil de dólares.

Santa Sé
O novo embaixador do Panamá é um jornalista

     É jornalista e comentarista político o novo embaixador do Panamá junto à Santa Sé. Chama-se Antonio Velásquez Fernández, 69 anos e seis filhos, em algumas ocasiões teve o encargo de embaixador em missões especiais.

Clero
Confirmado o não da Igreja ao diaconato feminino

     Nas 140 páginas de duas publicações conjuntas, a Congregação para a Educação Católica e a do Clero confirmaram a incompatibilidade da mulher com o diaconato e o sacerdócio. A apresentação das Normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes e do Diretório para o ministério e a vida dos diáconos permanentes, realizada dia 10 de março, foi ocasião na qual os prefeitos e os secretários das duas Congregações, os cardeais Pio Laghi e Darío Castrillon Hoyos, os arcebispos José Saraiva Martins e Csaba Ternyák, explicaram que as diaconisas, de que se fala no Novo Testamento, "não o são no sentido em que entendemos o diácono".

Desmentidos
Ratzinger não abandona o cargo

     O cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, desmentiu os boatos difusos no início de fevereiro de que ele estaria para deixar o seu encargo. Ele confirmou que pretende mantê-lo. Esta declaração foi feita no dia 23 de março durante a apresentação da versão alemã do livro Dalla mia vita. Ricordi 1927-1977 (publicado na Itália no ano passado pelas Edições San Paolo), no mosteiro de Andechs, na sua terra natal, Baviera.

Beatificações
Apelo dos bispos lombardos para Pe. Gnocchi

     Com uma carta endereçada a João Paulo II, dia 3 de fevereiro deste ano, os bispos da região da Lombardia, Itália, pediram ao Santo Padre para acelerar os tempos para a beatificação de Pe. Carlo Gnocchi, morto em 1956, que dedicou a vida à assistência às crianças mutiladas da última guerra, fundando uma rede de centros de reabilitação para paraplégicos, hoje difusa em toda a Itália.

Neocatecumenais
As normas que devem regular as missas do Caminho

     No último fascículo de Notitiae (n. 375-377, pág. 519), a publicação da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, são reconfirmadas as normas que os neocatecumenais devem seguir na celebração da eucaristia. Trata-se de uma resposta a "interrogações [provenientes] de diversas regiões". No texto é lembrado que restam válidas as indicações já fornecidas em 1988. A Congregação consente que os grupos neocatecumenais "possam receber a comunhão sob as duas espécies, sempre com pão ázimo, e deslocar, "ad experimentum", o rito da paz depois da oração universal". "O Ordinário do lugar", lembra depois o dicastério vaticano que se ocupa de liturgia, "deverá ser informado habitualmente, ou 'ad casum', do local e do horário em que estas celebrações serão realizadas; elas não poderão ser feitas sem a sua autorização".
     Com relação às indicações de 1988, a Congregação presidida pelo cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estévez, acrescenta depois um parágrafo final ulteriormente restritivo: "Além disso, nas celebrações litúrgicas do movimento neocatecumenal, 'sejam seguidos fielmente os livros litúrgicos aprovados pela competente autoridade; por isso ninguém pode acrescentar, cortar ou mudar nada por sua iniciativa' (Código de Direito Canônico, cân. 846, § 1). Com relação aos livros litúrgicos sigam-se precisamente também todas as coisas prescritas pelas rubricas".

Santo Egídio
Comunidade na mira

     Na sexta-feira, 3 de abril ,a Comunidade de Santo Egídio encontrou nas bancas uma desagradável surpresa. A edição da revista semanal italiana Espresso que saía naquele dia continha um artigo dedicado exatamente ao movimento eclesial fundado pelo professor Andrea Riccardi. Um dossiê de 7 páginas bem evidente, com muitas chamadas na capa, assinado pelo vaticanista Sandro Magister. Normalmente Santo Egídio têm uma boa opinião na imprensa (tanto é que no mesmo dia um outro news magazine italiano, Panorama, publicava um artigo elogiando o papel positivo desenvolvido pela Comunidade na recente crise de Kosovo). De qualquer modo não é a primeira vez que recebe alfinetadas da mídia. Já acontecera em agosto do ano passado quando o jornal italiano Il Messaggero publicou um longo artigo sobre pressupostas manobras de Riccardi & C. anticardeal Angelo Sodano (mas naquele caso depois de poucos dias o jornal romano publicou um firme desmentido do porta-voz de Santo Egídio Mario Marazziti). Porém, desta vez o ataque é bem mais pesado e chega a acusações relativas à moral pessoal da liderança da Comunidade (acusações concentradas num quadro com um significativo título: Estranhos casais de Trastevere [onde está a sede de S.Egídio]. Matrimônios combinados, divórcios, natalidade zero, contracepções e outras heresias).
     Todavia não parece que o ataque da Espresso tenha enfraquecido a estima que os ambientes eclesiásticos e políticos nutrem pela Comunidade. No Osservatore Romano de 6-7 abril, com efeito, foi publicado o aviso de um encontro de orações promovido pela Comunidade de Santo Egídio: presidido pelo cardeal Achille Silvestrini, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, sempre muito próximo à Comunidade. No dia 15 de abril foi substituído o embaixador italiano na Argélia; decisão política, comentário da mídia: o diplomata era contrário à linha levada adiante pela Comunidade Santo Egídio de um diálogo com os integralistas islâmicos. No dia 18 de abril, Riccardi foi chamado pela liderança do PPI (Partido Popular Italiano) para ler um seu relatório por ocasião da manifestação oficial do partido para lembrar os 50 anos da memorável vitória da DC de Alcide De Gasperi. Num dia antes Dom Vincenzo Paglia, assistente eclesiástico de Santo Egídio, recebeu a visita do vice-secretário de Estado americano, Strobe Talbott, confirmando o feeling consolidado entre a Comunidade e a diplomacia de Washington (com efeito, em março a própria secretária de Estado americano, a senhora Madeleine Albrigth, com um gesto inusual foi visitar o quartel general de Santo Egídio em Trastevere, enquanto que em janeiro, o relatório provisório do Comitê consultivo sobre a liberdade religiosa no exterior do Departamento de Estado tinha explicitamente indicado exatamente a Comunidade de Santo Egídio como exemplo de movimento religioso envolvido em processos de paz).

Ataques
Avvenire contra um professor da Gregoriana

     Não acontece todos os dias que o jornal da Conferência Episcopal Italiana, Avvenire, apresente um duro ataque a um livro publicado por um professor (mesmo se emérito) da Pontifícia Universidade Gregoriana. Ocorreu no dia 14 de abril, quando o jornal apresentou um longo e polêmico artigo do teólogo Inos Biffi. Objetivo: desmantelar as "discutíveis teses" formuladas no volume Verso una teologia cristiana del pluralismo religioso (ed. Queriniana), obra do jesuíta Jacques Dupuis, docente emérito de Teologia dogmática na Gregoriana e até 1996 consultor do Pontifício Conselho do Diálogo Inter-Religioso.

Cúria Romana
Novas nomeações
Sempre aos sábados

     Já é uma pequena tradição. As nomeações da Cúria Romana são anunciadas aos sábados (cf. 30Dias, nº3- 1998, pág. 46). A promoção de Marcello Zago, superior geral dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada, a secretário da Congregação para a evangelização dos povos se deu no sábado 28 de março. No mesmo dia o bispo holandês Karel Kasteel de sub-secretário tornou-se secretário do Pontifício Conselho Cor Unum. No dia 4 de abril, também num sábado, chegou a nomeação do arcebispo Carlo Maria Viganò como delegado para as representações pontifícias junto à Secretaria de Estado.
     Marcello Zago, que assume o lugar do arcebispo croata Giuseppe Uhac, que faleceu no mesmo dia em que João Paulo II o designou cardeal, nasceu em Villorba, Treviso, e fará 66 anos em agosto. Entrou na Congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada em 1955, quatro anos depois foi ordenado sacerdote. Missionário na Ásia, especializa-se no diálogo com outras religiões, tanto que de 1983 a 1989 foi chamado no Vaticano como secretário do então Secretariado para os não-cristãos (hoje Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso). Foi um dos maiores artífices do encontro inter-religioso de Assis em outubro de 1986. No mesmo ano foi eleito superior geral dos Missionário Oblatos de Maria Imaculada, cargo que conservou até hoje. Neste cargo desenvolveu uma obra de mediação entre a Congregação para a Doutrina da Fé e o próprio coirmão do Sri Lanka Tissa Balasuriya, excomungado no ano passado e reabilitado em janeiro. No período de poucos meses os Missionários Oblatos de Maria Imaculada (5 mil membros espalhados por 68 nações) receberam a gratificação de uma púrpura (concedida em fevereiro ao arcebispo de Chicago Francis Eugene George) e uma importante nomeação na Cúria romana.
     O arcebispo Viganò, chamado à secretaria de Estado para desenvolver um papel chave de "inspetor" de todas as nunciaturas espalhadas pelo mundo, nasceu há 57 anos em Varese e foi incardinado na diocese de Pavia. Entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1973, foi enviado nas representações pontifícias do Iraque e da Grã Bretanha. Em 1978 foi chamado para a Secretaria de Estado onde permaneceu até 1989. Durante este período foi também secretário particular do então substituto da Secretaria de Estado, o atual cardeal Eduardo Martínez Somalo. Em 1989 foi enviado a Strasbourg como observador junto ao Conselho da Europa. arcebispo e núncio na Nigéria desde 1982, recebeu a prestigiosa nomeação na Cúria Romana poucos dias depois de ter hospedado o Papa durante a visita apostólica no país africano.

Diplomacia
Visita de Tauran ao Iêmen

     No final de março uma delegação vaticana realizou uma breve vista no Iêmen. A missão, guiada pelo "Ministro do Exterior" vaticano, o arcebispo Jean-Louis Tauran, era formada pelo especialista de questões ao Oriente Médio da Secretaria de Estado, Dom Luigi Gatti, e pelo delegado apostólico para a península arábica, assim como núncio no Líbano e Kuwait, Antonio Maria Vegliò. Tratou-se de uma visita oficial, a primeira de uma delegação vaticana ao país árabe, um dos poucos que ainda não estabeleceram relações diplomáticas com a Santa Sé. A Sala de Imprensa vaticana emitiu um comunicado por ocasião da partida da delegação, mas não no retorno. Entre os temas tratados no decorrer das conversações com as autoridades iemenitas: "A possibilidade de construir um centro católico em Sana'a, onde não há lugares de culto cristãos" (durante a vista que se realizou na capital, a delegação pôde celebrar a missa apenas no salão-teatro de uma companhia petrolífera). Falou-se também da restituição de uma igreja em Aden, requisitada em 1973 pelo governo da então República Democrática do Iêmen".

Secretaria de Estado
Quando Sodano
cita Küng

     Provocou um certo alvoroço na mídia, e também no Vaticano, uma citação reservada ao teólogo Hans Küng por parte do cardeal Angelo Sodano no dia 24 de março. A ocasião foi a conferência realizada pelo Secretário de Estado vaticano no encontro com os jornalistas no âmbito da missão citadina romana. No seu discurso Sodano fez numerosas citações excelentes: Tertuliano, Antonio Rosmini, Yves Congar, S. Vicente de Lerins, S. Ignácio de Loyola, Catecismo de S. Pio X, S. Gregório Magno). Mas o que mais surpreendeu foi a longa citação extraída do volume Cristianesimo. Essenza e storia (publicado por Rizzoli em outubro de '97) escrito pelo teólogo suíço-alemão a quem a santa Sé retirou o mandato para ensinar Teologia católica na Universidade de Tübingen. O curioso é que Sodano escolheu uma obra de Küng, não para criticá-la mas porque ali encontrou "algumas páginas belas [dedicadas] ao mistério do cristianismo".
     Poucos dias depois, dia 6 de abril, no decorrer de uma entrevista radiofônica a uma rádio alemã Suedwestfunk, Küng afirmou que algumas das coisas ditas no passado "podem ter parecido duras", mas de qualquer modo, não são injustas ou incorretas. O teólogo "dissidente" acrescentou depois ter percebido um "novo tom", que aspira a uma renovação da Igreja, na mensagem que lhe foi enviada pelo seu 70º aniversário (19 de março) pelo presidente da Conferência episcopal alemã, Karl Lehmann, e pelo cardeal Sodano. Na realidade, o purpurado italiano não tinha lhe enviado saudações pelo aniversário, mas lhe agradecia pelo livro que Küng tinha lhe enviado algum tempo atrás e que tinha, ao menos em parte, apreciado, tanto a ponto de citá-lo na conferência romana. Esta relação missiva entre Sodano e Küng não é uma novidade. Poucos o sabem, mas os dois se conhecem desde os anos Cinqüenta, quando ambos freqüentavam a Pontifícia Universidade Gregoriana.

Turim
Ampliada aos sacerdotes a faculdade de absolver a excomunhão por aborto procurado

     Por ocasião da exposição do Santo Sudário, o cardeal de Turim, Giovanni Saldarini, quis ampliar a faculdade de absolver a excomunhão por aborto procurado a todos os sacerdotes presentes em Turim. Geralmente esta faculdade é reservada apenas aos eclesiásticos indicados ad hoc pelo bispo. Esta notícia provocou um amplo debate na mídia sobre a pressuposta contradição por parte da Igreja, entre a firme condenação do aborto e a possibilidade "fácil" de ser perdoado por meio de uma confissão durante uma peregrinação. No jornal Corriere della Sera, o comentador Francesco Merlo ironizou fortemente a iniciativa do arcebispo de Turim falando de "marketing da Redenção". Tanto que L'Osservatore Romano interveio com um artigo do teólogo Gino Concetti, o qual julgou o comentário de Merlo "um acúmulo de insinuações, de mistificações e de distorções da verdade que não encontram qualquer fundamento histórico, jurídico e religioso". Para ser absolvido da excomunhão conexa ao pecado do aborto lembra Concetti, "o Código de Direito Canônico estabelece um procedimento que não é por nada odioso, podendo-se recorrer ao canônico penitenciário ou ao sacerdote autorizado e a sacerdotes de ordens e instituições religiosas que tenham esta faculdade, ou por privilégio direto ou por comunicação". "Em Roma por exemplo", acrescenta depois o teólogo franciscano, "todos os sacerdotes habilitados a confessar têm também a faculdade de absolver a excomunhão por aborto procurado".

Bolonha
Prêmio do Rotary Club ao cardeal Biffi

     O club Rotary Ovest designou ao cardeal arcebispo de Bolonha, Giacomo Biffi, o reconhecimento "Paul Harris fellow". Durante a cerimônia, realizada dia 31 de março, que sancionou a amizade entre o cardeal e o clube rotariano, Biffi falou de Sto. Ambrósio e do imperador Teodósio, explicando que através da relação deles "pela primeira vez foi dito não ao absolutismo estatal e assim foi contestado o totalitarismo do poder político".

Cardeais I
Do you speak english?

     "A minha pronuncia inglesa titubeia, mas estou fazendo um curso", confirmou o cardeal Ersilio Tonini numa entrevista ao jorla italiano Il Giornale de 20 de abril. A língua oficial da Igreja é ainda o latim e a nível diplomático o francês ainda domina. Mas o inglês parece ter se tornado a língua do futuro também nos sagrados palácios. Em vista do Jubileu também o cardeal vigário de Roma, Camillo Ruini, duas vezes por semana não desdenha receber lições na língua de Shakespeare.

Liturgia
O Ciel desembarca em Roma

     Pela primeira vez o Centre International d'Etudes Liturgiques (Ciel) promoveu uma iniciativa em Roma. Aconteceu dia 24 de março com a apresentação dos Atos do III Congresso internacional sobre o tema "Sacrifício e Altar", realizado no ano passado na diocese de Versailles na França. A cerimônia foi presidida pelo idoso cardeal Alfons Maria Stickler, o relator foi o jovem Dom Rudolf Michael Schmitz, membro da Pontifícia Academia de Teologia. Entre os presentes: o bispo Luigi de Magistris, regente da Penitenciaria Apostólica; Dom Camille Perl, atuário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei; Dom Karel Kasteel, secretário do Pontifício Conselho Cor Unum; padre Ferdinand Pratzner, secretário do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais. "O Ciel", explica o presidente Loic Merian, "foi fundado em 1994 por um grupo de leigos católicos para organizar conferências que, sob a direção de eclesiásticos competentes, têm o objetivo de incrementar o conhecimento e a compreensão da liturgia romana da Igreja latina [a precedente ao ano de 1969] com total fidelidade à Santa Sé". No decorrer da estadia romana, os vértices do Ciel foram recebidos pelos cardeais Angelo Felici (presidente da Ecclesia Dei), Jorge Arturo Medina Estévez (prefeito da Congregação para o Culto Divino), Paul Poupard (presidente do Pontifício Conselho para a Cultura) e Lorenzo Antonetti (presidente da Apsa).

Sala de Imprensa
E Navarro-Valls desmente Le Monde

     É raro que Joaquín Navarro-Valls, diretor da Sala de Imprensa vaticana, peça retificações a respeito de artigos publicados pela mídia. Uma destas raras ocasiões aconteceu com relação ao Le Monde no dia 18 de abril. O porta-voz do Papa contestou uma afirmação publicada na edição de 20 de março do jornal parisiense. Naquele dia, de fato, foi publicado um artigo assinado por Jean Kahn, presidente do Concistório Central Israelita da França, comentando o documento vaticano sobre o Shoah publicado alguns dias antes. "Ainda bispo de Cracóvia", escreve Kahn, "Karol Wojtyla declarava em 1972 que o Shoah foi um sacrifício expiatório dos judeus para se fazerem perdoar pela morte de Jesus, e Auschwitz o seu Gólgota". Firme desmentida de Navarro-Valls: "Tenho condições de afirmar que sua eminência Karol Wojtyla, na época bispo de Cracóvia, jamais pronunciou as frases que lhe foram gratuitamente atribuídas pelo senhor Kahn. Naturalmente não existe nenhum texto do qual seja possível deduzir tal opinião, que não reflete de nenhum modo o pensamento do Soberano Pontífice e se revela contrário àquele".

Cardeais 2
Faleceram Ribeiro e Bovone

     Com a morte do patriarca de Lisboa, António Ribeiro (24 de março) e do prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Alberto Bovone (17 de abril), o número de cardeais desce a 161, dos quais 118 com menos de 80 anos. Com Ribeiro, que tinha 70 anos e tinha sido designado cardeal por Paulo VI em 1973, falece o único lusitano presente no Sagrado Colégio, enquanto que os purpurados nomeados por Montini descem a 28, dos quais 15 eleitores (todos os outros 103 votantes foram nomeados por Wojtyla). Com a morte de Bovone o número dos italianos desce a 40, dos quais apenas 21 são eleitores. O último Consistório revelou-se particularmente azarado, anunciado dia 18 de janeiro e celebrado dia 21 de fevereiro. Um dos candidatos, o croata Giuseppe Uhac, morreu poucas horas antes do anúncio, enquanto que depois de 21 de fevereiro faleceram dois novos purpurados: Bovone e o francês Jean Balland.

A próxima encíclica?
Terá o título de Fides et ratio
e não será sobre a New Age

     Os boatos de um iminente documento pontifício sobre a New Age obteve ampla divulgação na mídia. Na realidade se tratará de uma carta encíclica sobre as relações entre fé e razão. O título muito provavelmente será Fides et ratio (mesmo que num primeiro momento se tenha pensado em Veritatis cognoscendae studium - O anseio por conhecer a verdade). Não haverá capítulos dedicados à New Age. Antes, nos primeiros esboços o termo não foi nem mesmo usado... (No entanto, um dicastério vaticano está elaborando um documento especificadamente sobre a New Age). Tratar-se-á, com efeito, de uma encíclica dirigida não a todos os fiéis, mas aos "coirmãos bispos". O mesmo aconteceu apenas com a Veritatis splendor de 1993. O lançamento da 13ª encíclica de João Paulo II (a última, a Ut unum sint, remonta a 1995) está previsto para a segunda metade deste ano, perto do início do ano acadêmico das universidades pontifícias.
     Também está em eminente apresentação o documento sobre o status teológico das Conferências Episcopais. Neste caso se tratará de um motu proprio pontifício. Esperado já há 13 anos (foi solicitado no Sínodo dos Bispos de 1985 pelos 20 anos do Concílio Vaticano II), estabelecerá as competências doutrinais das Conferências Episcopais.
     No entanto é iminente a publicação de um outro documento pontifício, provavelmente uma carta apostólica sobre a santificação do dia do Senhor. Foram revelações do vaticanista do TG2 (Telejornal da Rai) Lucio Brunelli.

Martini: porque devemos
reconsiderar a justiça

     O jornal italiano Repubblica apresentou uma longa entrevista com o cardeal Carlo Maria Martini. Título significativo: Porque devemos reconsiderar a justiça. O purpurado afirma: "Não quero gastar palavras sobre os nossos cárceres e nem mesmo lembrar a porcentagem altíssima de crimes impunes. Mas quero dizer que é preciso grandes mudanças, novas estruturas, uma nova formação de operadores, a participação de toda a comunidade para um grande trabalho de saneamento". E acrescenta: "A paz não se restabelece, a justiça não se reconstrói, as vítimas não se compensam com penas sádicas. Devemos promover a ressarcimento social como alternativa à encarceração".

O "fio branco" do cardeal Cé

     "Eu não sei dizer quando começou em mim este sentimento que chegou à ordenação; creio que tenha sido nos primeiros anos da minha vida. Posso dizer que há um "fio branco" que a conduz toda nesta direção". Estas foram as palavras do cardeal Marco Cé, 73 anos, patriarca de Veneza, numa entrevista concedida ao semanal da sua diocese, Gente Veneta, e republicada no jornal Avvenire por ocasião dos seus 50 anos de sacerdócio.
     Neste século, já três patriarcas de Veneza chegaram ao limiar de Pedro: Giuseppe Sarto (S. Pio X) em 1903, Angelo Giuseppe Roncalli (João XXIII) em 1958 e Albino Luciani (João Paulo I) em 1978.

Bolonha: festejos
pelo 18 abril

     A diocese de Bolonha foi a única, entre as que têm tradição cardinalícia, a festejar com grande festa os 50 anos da vitória de Alcide De Gasperi do dia 18 de abril de 1948. A convenção intitulada "A Igreja para a Itália e para a liberdade", celebrada na tarde de 18 de abril nesta cidade, foi organizada pela Comissão Diocesana Justiça e Paz. Hóspedes de honra, Mario Agnes, diretor do Osservatore Romano, Emilio Colombo e Maria Romana De Gasperi, filha do estadista de Trento. A manifestação foi presenciada pelo cardeal Giacomo Biffi.